quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Observação numa brinquedoteca - NARRATIVA DAS DESCRIÇÕES COMPORTAMENTAIS OBJETIVAS DE UMA CRIANÇA DE ACORDO COM METODOLOGIAS DE OBSERVAÇÃO, REGISTRO E AVALIAÇÃO

Esse trabalho foi realizado por mim (Vanessa Evellyn Mayara dos Santos de Mello)apresentado como requisito para a obtenção da nota das disciplinas: Brinquedoteca e o elemento lúdico e Organização e metodologia da educação infantil, sob orientação das tutoras Adriana Rodrigues e Maria Clotilde Bastos. 
Curso: Pedagogia, 4º semestre, Foz do Iguaçu-PR. 
Anhanguera Uniderp

Se for usar algo desse material, favor, fazer a citação. 


Introdução

Visando entender e identificar o comportamento de crianças que frequentam uma brinquedoteca, esse trabalho contém uma narrativa das descrições comportamentais objetivas de determinada criança. 

Além das descrições, apresenta também a interpretação gerada a partir da observação realizada.

 No final, haverá um CheckList das ações, comportamentos sociais e desenvolvimento emocional da criança observada.


A observação foi feita em uma brinquedoteca de uma escola de bairro.

Desenvolvimento

Passo 1:
Observador: Vanessa Evellyn Mayara dos Santos de Mello
Nome da criança: Maria Eduarda dos Santos Fernandes
Idade da criança
Anos:09  Meses: 01
Sexo da criança

Masculino
X
Feminino
Responsáveis pela criança durante o período de observação
Nome: Amanda Hellen Andrade
Função: Estagiária
Nome: Fátima A. Papino
Função: Professora
Contexto de observação: Brinquedoteca escolar
Data da observação: 15/09/2015
Horário de início: 10h00
Horário de término: 10h45
Escolha da criança
 Escolhi a Maria Eduarda pelo fato dela se mostrar a criança mais brincalhona da turma. Ela parece ser uma pessoa bem descontraída.
Breve descrição das características marcantes da criança
 Maria Eduarda é a segunda filha, de três. Ela tem uma saúde bem forte, dificilmente fica doente.

Ajuda a mãe na casa, fazendo algumas coisas como arrumar a cama e seu quarto, além de brincar com a irmã mais nova, de três anos de idade.
Descrição das características físicas e sociais do cenário de observação
A brinquedoteca é um lugar bem simples, porém, cheio de brinquedos e bem colorido, por se tratar de uma brinquedoteca escolar.

A sala tem aproximadamente uns 50 metros quadrados. As paredes são coloridas, cada parede está pintada de uma cor diferente – amarelo claro, azul claro, rosa claro e branco. Em cada parede há desenhos colados, para decorar a sala. Deixando assim, o ambiente mais acolhedor e infantil. Contudo, não há uma poluição visual, pois tudo está no limite adequado.

Os brinquedos estão dispostos em prateleiras, deixando um livre acesso as crianças. Alguns brinquedos, como jogos e pecinhas de montar, estão guardados em caixas plásticas transparentes, com o nome na frente, para identificá-los.

Há também, duas mesinhas na sala, cada mesa com quatro cadeirinhas.

As 10 crianças que estão hoje na brinquedoteca, 8 estão brincando juntas, num grupo maior, e 2 estão brincando em dupla.

Todas parecem estar bem animadas e apresentam um bom convívio em grupo.

 Passo 2:

Quais os objetivos?

Observar criança com idade entre 7 a 11 ou 12 anos, que segundo a Teoria do Desenvolvimento Humano, de Piaget, estão no 3º período, denominado por Piaget de Período das Operações Concretas.

Qual a área do desenvolvimento ou comportamento é o foco?

Serão observados os quatro aspectos básicos do desenvolvimento humano, que são eles: aspecto físico-motor, aspecto intelectual, aspecto afetivo-emocional e aspecto social. No entanto, darei mais ênfase no aspecto social, da criança observada.

Tempo dedicado a observação dos comportamentos selecionados

Dedicarei 45 (quarenta e cinco) minutos para realizar a observação da criança escolhida. E 20 (vinte) minutos para realizar o registro das informações obtidas durante a observação.

Quem observar?

Observarei uma criança com 09 (nove) anos.
Nesta idade, segundo a Teoria de Desenvolvimento Humano, de Piaget, no aspecto afetivo a criança é capaz de cooperar com os outros colegas, de trabalhar em grupo e ao mesmo tempo ter autonomia pessoal. Em seu aspecto intelectual, ela estabelece corretamente, relações de causa e efeito e de meio e fim, também consegue sequenciar ideias, entre outros. No plano social, estão presentes o respeito mútuo, a honestidade, o companheirismo e a justiça; o grupo de amigos onde a criança participa, satisfaz suas necessidades de segurança e afeto.

O que fazer no cenário de observação?

Ficarei apenas observando o comportamento da criança escolhida. Anotando tudo no mesmo momento.
                          

A observação será perceptível, discreta ou participante?

Será uma observação discreta. A criança saberá que eu estarei lá, porém não saberá o qual é meu objetivo, ou seja, não saberá que está sendo observada.

Passo 3 e 4:
Narrativa das descrições comportamentais objetivas - DCO's
Criança observada: Maria Eduarda dos Santos Fernandes
Área de observação: Período das observações concretas - Aspecto Social
DCO 01
Horário de início: 10h00
Horário de término: 10h45
Durante a observação, Maria Eduarda, não foi chamada pelo nome, mais sim, pelo apelido, Duda. Seus colegas sempre pediam a opinião dela nas brincadeiras.

Duda foi a líder do grupo na maioria das brincadeiras. Ela veio até a mim, perguntar o que eu estava escrevendo, e me chamou para brincar com ela e seus colegas.

Um colega seu, caiu na sala, enquanto brincava, ele ralou um pouco o joelho, e Duda foi ver se ele precisava de ajuda. Ela falou para a professora o que tinha acontecido com seu amigo.

Depois de uns cinco minutos, seu colega começou a brincar novamente e Duda ficou mais perto dele, do que antes.

Duda pediu a todos, quem gostaria de brincar de pega-pega; todos se mostraram alegres com essa ideia, e juntos começaram a brincadeira proposta por Duda.

Durante o pega-pega, algumas crianças desistiram da brincadeira, mas Duda permaneceu nela, sempre incentivando seus amiguinhos a brincarem.

Duda foi ao banheiro, eu acompanhei ela, depois de usar o banheiro, lavou as mãos e voltou para a sala da brinquedoteca, correndo.

Já estava na hora de voltarem para a sala de aula. Duda, não queria voltar naquela hora para sua sala, mas teve que ir.
Interpretação das observações
O fato de Maria Eduarda não ser chamada pelo nome, mas sim pelo apelido Duda, mostrou uma certa intimidade que seus colegas tinham com ela.

Ela se mostrou uma criança com uma grande capacidade para liderar e comandar um grupo; sua opinião diante das brincadeiras, sempre pareceu extremamente necessária, pois seus colegas sempre pediam a opinião dela.

Duda se mostrou curiosa, ao vir me perguntar o que eu estava escrevendo, e pareceu amigável ao me chamar para brincar com ela e seus amigos.

Quando seu colega se machucou, Duda se mostrou pronta a ajudar, dando apoio ao amigo e avisando a professora o que havia acontecido. Se mostrou prestativa, amigável e companheira.

Duda novamente mostra sua liderança ao propor o pega-pega como brincadeira. Quando alguns de seus amiguinhos desistiam de brincar, ela os chamava sempre, os incentivando a continuarem na brincadeira.

Mostrou-se higiênica, pois, ao ir ao banheiro, lavou suas mãos.

Mostrou-se insatisfeita, quando estava na hora de voltar para a sala de aula. No entanto, não questionou muito, e mesmo contra sua vontade, voltou para a sala normalmente.

Passo 5:
Lista de verificação - CheckList
X
Vigoroso e energético ao iniciar um projeto
Cauteloso, não aventureiro, tem medo de tentar o que nunca fez
Quase sempre realiza as tarefas apesar das dificuldades
X
Voz animada e viva
X
Não se cansa facilmente
Concentração ruim
Apenas copia as reações das outras crianças; não é original
X
Concentra-se bem em sua tarefa
X
Reações originais e inventivas
X
Curioso e questionador
X
Expresse-se bem para a idade
X
Habilidoso ao lidar com situações difíceis
Pouco uso da linguagem para a sua idade
X
Paciente
X
Absorvido, autossuficiente em sua atividade
Impaciente; certa insatisfação com sua própria atividade
Reticente, deseja estar em segundo plano
X
Bem-humorado
Pertuba-se com facilidade
X
Pertuba-se raramente
Mudanças bruscas de humor frequente
Lento para se adaptar a uma nova experiência
X
Original nas brincadeiras
Distrai-se facilmente da tarefa atribuída
Distrai-se facilmente; carece de persistência
X
Submete-se a qualquer criança que toma iniciativa
X
Domina as crianças de sua idade (ambos os sexos)
Está disposto a se submeter somente a uma criança em específico
Submete-se a um líder apenas após uma briga pela liderança
É seguidor de apenas um grupo específico
Às vezes, domina um grupo
X
Geralmente, lidera um grupo pequeno
X
Decide quem deve participar das atividades do grupo
X
Organiza as atividades de um grupo para realizar um propósito definido
X
Lidera ou segue, conforme a ocasião exigida
Nem lidera, nem segue ou brinca sozinho
Verificação das habilidades - Identidade e desenvolvimento emocional
Auto identidade
Evidências
Separa-se dos pais sem dificuldade
X
Não se apega aos adultos excessivamente
X
Faz contato visual com adultos
X
Faz escolhas autônomas das atividades
X
Procura outras crianças para brincar
X
Se mostra confiante em encenações
X
Defende os próprios direitos
X
Mostra entusiasmo ao fazer coisas para si
X
Permite ser consolado após estresse
Come, dorme, usa banheiro adequadamente
X
Lida com mudanças bruscas controladamente
X
Expressa raiva em palavras e não em ações
Desenvolvimento social
Sim
Não
Ás vezes
É amigável e extrovertido
X
Brinca com a maioria das outras crianças
X
Brinca apenas com algumas crianças
X
Busca a aprovação dos adultos
X
Busca a aprovação dos pares
X
Está disposto a revezar
X
Faz transações facilmente de uma atividade a outra
X
Ajusta-se rápido às novas atividades e descobertas
X
É independente
X


Considerações finais

O brincar e a aprendizagem social, segundo Kostelnik (2015), “mantêm uma relação complexa. Na brincadeira a criança aprende a se autocontrolar, divide papéis e opiniões, aprende a respeitar e valorizar o próximo, entre outros, com o fim de que a brincadeira prossiga sem problemas”. Desse modo, podemos afirmar, que não há sequer um elemento da competência social para o qual a brincadeira não contribua.

Analisando o comportamento da criança observada, pude perceber que ela está com seu desenvolvimento adequado para sua idade. Ela expressa-se bem, tem um bom convívio social e em grupo. Se mostrou uma criança cheia de energia, com autonomia, capacidade de liderar grupos, companheira, honesta, higiênica, amigável, extrovertida, confiante.

Enfim, através da observação das brincadeiras das crianças, pude comprovar que realmente, elas têm uma grande influência no desenvolvimento das capacidades afetiva, social e cognitiva das crianças.

A brincadeira amplia vários conceitos, possibilita as mais variadas experiências nas diversas áreas do conhecimento. Partindo disso, o brincar possui papel didático e não só pode, como deve, ser explorado pelos professores.

Para Piaget (1990), as atividades lúdicas, presentes na vida infantil desde o período sensório-motor, contribuem com o desenvolvimento da inteligência infantil, porque agem diretamente no processo de equilibração. Se a escola tem como objetivo maior, promover o desenvolvimento e assim efetivar a aprendizagem, é fundamental que incorpore ao seu cotidiano a atividade lúdica.

A atividade lúdica é uma situação em que a criança realiza, constróis e se apropria de conhecimentos das mais diversas ordens, TEIXEIRA (2010).

Deixar a criança brincar, sem fazer levantamentos, observações, anotações, para analisar como anda o desenvolvimento do aluno, é inaceitável, pois como professores, temos o dever de manter-nos informados sobre o desenvolvimento de nossos alunos, abrangendo sempre, as teorias que embasam nosso estudo.


Referências

MARTELLI, Lindolfo Anderson. Desafio Profissional das disciplinas Organização e Metodologia da Educação Infantil e Brinquedoteca e o Elemento Lúdico [Online]. Valinhos, 2015, p. 1-18. Disponível em: <www.anhanguera.edu.br/cead>. Acesso em: jul. 2015.

BOCK, A. M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias – Uma introdução ao estudo de psicologia. 14ª edição, São Paulo. Editora Saraiva, 2008.
MEDINA, Camila Beltrão. Organização e Metodologia da Educação Infantil: Brincadeira é Coisa Séria. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014.
TEIXEIRA, Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca: implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Wak Editora, 2010.
KOSTELNIK, Marjorie J. Guia de aprendizagem e desenvolvimento social da criança. 7ª edição. São Paulo. Editora Cengage Learning, 2015.

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Agradecida.